As Lesões do ligamento Colateral Medial ( LCM) do joelho são lesões muito comuns e estão na maioria das vezes relacionadas a esportes de contato como o futebol, basquete e artes marciais ( judô, jiu-jitsu, mma), entre todas as lesões ligamentares no joelho a lesão do LCM é a mais comum.


O ligamento colateral medial se localiza na parte superficial medial (interna) do joelho, fazendo a ligação entre o Fêmur (osso da coxa) e a Tíbia (osso da perna).

Se origina proximal ao epicôndilo medial do Fêmur e se insere na face proximal medial (interna) da tíbia ( 4 cm da linha articular), sendo dividido em três porções: superficial, profunda e obliqua.

O LCM tem  como função estabilizar a articulação, restringindo a abertura em valgo do joelho (impede que a perna se mova lateralmente) e a rotação interna da tíbia.

Em pacientes com lesão de LCA, o ligamento colateral medial também age como um restritor secundário na translação anterior da tíbia (impede que a tíbia se mova para frente).


De acordo com a Literatura, de todas lesões em atletas, 7,9% são lesões do LCM, cerca de 80% das lesões completas do LCM estão associadas a outras lesões: A lesão do Ligamento Cruzado anterior (LCA) ocorre em aproximadamente 20% dos casos de lesões do LCM grau 1 e em até 78% dos casos de lesão Grau 3.

A lesão do menisco medial ocorre em 5 a 25% dos casos, de acordo com a gravidade da lesão do ligamento colateral medial, O Ligamento cruzado Posterior também pode ser lesado mas em uma menor incidência. 


As lesões nesse ligamento são resultantes de uma força externa na lateral do joelho ou torção do corpo com o pé fixo ao solo. Os principais mecanismos são:

Trauma: direto na lateral do joelho causando uma abertura medial e um tensionamento excessivo do ligamento medial (abertura da articulação na parte interna).

Entorse do joelho: o pé fixo fica preso ao solo e o corpo gira para fora em relação a posição do joelho provocando a lesão. 

A Lesão também ocorre em pessoas que realizam muitos exercícios com salto e tem uma presença constante de valgo ( joelho para dentro, perna para fora) , o mesmo pode ocorrer com praticantes de esportes cíclicos , como a corrida..



Os sintomas são dor na região medial do joelho ao apoiar o pé no chão, incapacidade de flexionar o joelho, edema (inchaço) na região, hematoma, atrofia muscular da coxa devido a inibiçao artrogênica ( um derrame articular de 60ml provoca inibição do reflexo da musculatura do quadriceps) e instabilidade articular caso seja uma ruptura total desse ligamento.

Com base na história clínica do paciente e no mecanismo de trauma, o Diagnóstico é realizado por meio do exame físico onde o Ortopedista fará alguns testes ligamentares como o do estresse em valgo do joelho, avaliando a abertura da face medial (interna) da articulação do joelho sempre comparando com o joelho contralateral.


O exame físico é sempre complementado com exames de imagem como radiografia e ressonância magnética, que mostra o grau de lesão e confirma o diagnóstico.



O Tratamento da lesão do LCM pode ser realizado de maneira conservadora ( sem cirurgia), e cirúrgica, sendo determinado pelo grau da lesão, nível de atividade física do paciente, grau de instabilidade da articulação e lesões associadas. 

-GRAU 1: É o tipo mais comum de lesão. Ocorre apenas um estiramento do ligamento, sem ruptura de fibras estruturais, na maioria das vezes é provocado por um entorse do joelho. É uma lesão incompleta de recuperação rápida ( 2 a 4 semanas).

-GRAU 2: Ocorre uma ruptura parcial do ligamento, rompendo algumas fibras estruturais, o que pode gerar algum grau de instabilidade da articulação. Geralmente esse tipo de lesão cicatriza  em 4 a 8 semanas, não havendo necessidade de cirurgia.

-GRAU 3: Ocorre uma ruptura total do LCM, o que provoca dor intensa, limitação na amplitude de movimento da articulação e instabilidade na face medial (interna) do joelho. A lesão de grau 3 causa grande comprometimento articular, gerando incapacidade para realização de atividade física e atividades do dia a dia. Existem casos em que não há necessidade de cirurgia, são incomuns , mas podem ser tratados com imobilização, fisioterapia e fortalecimento muscular. Em caso de falha no tratamento conservador é optado pelo tratamento cirúrgico. o tempo de recuperação varia de 8 a 12 semanas


O tratamento dessa lesão é conservador em sua maioria, pois o LCM é um ligamento com grande potencial de cicatrização, o tratamento cirurgico só sera realizado caso haja uma ruptura total associada a outra lesão ligamentar ou meniscal.

No tratamento conservador a fisioterapia é fundamental para a atenuação dos sintomas e reabilitação. A dor pode ser aliviada com aplicação de gelo no local até 72 horas após a lesão, antiinflamatório oral, analgésicos, imobilização articular e repouso para que se evite o agravamento da lesão.

Bandagens elásticas podem ser usadas para aumentar a estabilidade articular, exercícios específicos para fortalecimento muscular podem ser realizados para restaurar a função articular.


Independente da gravidade do quadro clinico, quando a lesão do ligamento colateral medial não é diagnosticada e tratada, os sintomas  podem persistir por muito tempo, gerando outras lesões, e uma incapacitação plena ao esporte e as atividades diárias.