A luxação de patela, também chamada de luxação da rótula, é uma lesão comum do joelho que pode causar dor intensa, inchaço e dificuldade imediata de movimentar a perna. Ela ocorre quando a patela — o pequeno osso da frente do joelho — sai do seu encaixe natural no fêmur, geralmente para o lado de fora do Joelho.

Embora pareça grave, com o diagnóstico e tratamento corretos, a recuperação costuma ser muito boa.

O que é luxação de patela?

Durante o movimento do joelho, a patela desliza em um sulco no fêmur chamado tróclea femoral, quando há um desequilíbrio muscular, desalinhamento ou trauma, ela pode se deslocar lateralmente — o que chamamos de luxação patelar.

Esse deslocamento pode ser completo (a patela sai totalmente do lugar) ou parcial (subluxação).


Causas e fatores de risco


As causas mais comuns incluem:                                                                                                                                                      

  • Movimentos bruscos de torção do joelho com o pé fixo no chão;

  • Traumas diretos na parte frontal ou lateral do joelho;

  • Fraqueza muscular, especialmente do quadríceps;

  • Alterações anatômicas, como patela alta, sulco femoral raso, ângulo Q aumentado ou patela lateralizada;                     

  • Histórico familiar de instabilidade patelar;

  • Esportes com saltos e mudanças rápidas de direção (futebol, vôlei, basquete)

É mais comum em adolescentes e jovens adultos entre 10 e 25 anos, e em mulheres, por fatores anatômicos e hormonais.

A luxação de patela representa cerca de 2% a 3% das lesões do joelho, e até 40% dos pacientes podem apresentar novos episódios, principalmente quando não há reabilitação adequada ou quando há alterações estruturais associadas.


Diagnóstico: como é feito o exame clínico

O diagnóstico começa com uma avaliação detalhada feita pelo cirurgião de joelho.
Durante o exame físico,  observa a postura do joelho, a mobilidade da patela e sinais de instabilidade.

Os principais testes clínicos incluem:

  • Teste de apreensão patelar:  empurra levemente a patela para o lado externo; se o paciente demonstrar medo ou desconforto, é sinal de instabilidade.

  • Teste de deslocamento lateral: avalia quanto a patela se move lateralmente — se houver movimento excessivo, há risco de luxação.

  • Análise de alinhamento e força muscular: identifica desequilíbrios no quadríceps e nos músculos do quadril.

  • Avaliação do “Q angle” (ângulo entre quadril e joelho): ângulos maiores aumentam o risco de luxação.

Esses testes ajudam a determinar se a luxação foi única, parcial ou recorrente — e se há necessidade de exames complementares.


Exames de imagem para confirmar o diagnóstico

Os exames de imagem são fundamentais para avaliar a gravidade da lesão e planejar o tratamento:

  1. Radiografia (Raio X): Mostra se houve fratura da patela ou do fêmur, ajuda a avaliar o alinhamento ósseo e a altura da patela.

  2. Ressonância Magnética (RM):Exame mais completo para detectar lesões de cartilagem, ruptura do ligamento patelofemoral medial (LPFM) e edemas ósseos,  ele permite identificar fatores anatômicos predisponentes (patela alta, tróclea rasa, desalinhamentos). É essencial para decidir entre tratamento conservador e cirúrgico.

  3. Tomografia Computadorizada (TC): Usada quando há necessidade de avaliar o grau de desalinhamento ósseo com precisão, Importante em casos que indicam cirurgia corretiva (como osteotomia).


    Tratamento conservador (sem cirurgia)

    O tratamento não cirúrgico é indicado no primeiro episódio de luxação, quando não há lesão óssea grave ou ruptura importante do LPFM.
    Inclui:

    • Imobilização temporária (1 a 3 semanas);

    • Aplicação de gelo e uso de anti-inflamatórios;

    • Fisioterapia focada em fortalecimento do quadríceps, especialmente o vasto medial oblíquo;

    • Treino de equilíbrio e controle de movimento (propriocepção);

    • Reeducação postural e orientações esportivas;

    • Uso de joelheira estabilizadora em esportes ou no retorno gradual às atividades.

    Com acompanhamento e fisioterapia adequados, a maioria dos pacientes recupera a estabilidade do joelho e evita recidivas.


    Tratamento cirúrgico

    A cirurgia é indicada quando há:

    • Luxações recorrentes;

    • Ruptura completa do LPFM;

    • Lesões significativas de cartilagem;

    • Deformidades ósseas (mal alinhamento, patela alta ou tróclea rasa).

    Os principais procedimentos incluem:

    1. Reconstrução do ligamento patelofemoral medial (LPFM): Substitui o ligamento lesionado, restabelecendo a estabilidade da patela.

    2. Osteotomia da tuberosidade anterior da tíbia: Reposiciona a inserção do tendão patelar, corrigindo o eixo de tração da patela.

    3. Procedimentos combinados: Em casos complexos, podem ser realizados ajustes ósseos e reconstruções ligamentares simultaneamente.

    Tempo de recuperação: em média de 4 a 6 meses, variando conforme o tipo de cirurgia e a adesão à reabilitação.

        

       1. Reconstrução do ligamento patelofemoral medial (LPFM)  /  2. Osteotomia da tuberosidade anterior da tíbia


    A luxação de patela é uma lesão que exige atenção e tratamento especializado.
    O diagnóstico correto — com exame físico detalhado e exames de imagem adequados — é essencial para definir se o tratamento será conservador ou cirúrgico.

    Com acompanhamento médico e fisioterápico adequado, a maioria dos pacientes retorna às suas atividades com segurança, força e estabilidade no joelho, se você sente que o joelho “sai do lugar” ou tem dor na frente do joelho após um trauma, procure um ortopedista especialista em joelho, um diagnóstico precoce é o primeiro passo para evitar novas luxações e preservar sua mobilidade.

    Agende sua consulta e receba uma avaliação individualizada sobre o seu caso.